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Cateterismo Cardíaco e Angioplastia Coronariana.

Cateterismo Cardíaco e Angioplastia Coronariana.
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Aqui estão algumas informações que poderão ser úteis para que você tenha um melhor entendimento do que é Cateterismo Cardíaco e Angioplastia Coronariana.

Qualquer dúvida pergunte à Equipe de Saúde do Serviço de Hemodinâmica ou ao seu médico, que terão o maior prazer em esclarecê-las.


O que é o cateterismo cardíaco? Quais os cuidados que devo ter no dia de fazê-lo?

O cateterismo cardíaco é procedimento invasivo em que os médicos examinam o coração para detectar alguns tipos de problemas. A maioria das pessoas que faz o cateterismo cardíaco é submetida a uma angiografia coronária. Trata-se de um exame para detectar a existência, localização e gravidade de obstruções nas artérias do coração.

Algumas pessoas são submetidas ao cateterismo cardíaco para examinar a presença de problemas nas câmaras e valvas cardíacas (átrios e ventrículos). Para obter informações sobre estas estruturas cardíacas os médicos podem medir as pressões ou quantidade de oxigênio sanguíneo em diferentes partes do coração ou suas artérias.

O cateterismo cardíaco é realizado em ambiente hospitalar. O paciente fica acordado na maioria dos casos com administração apenas de anestesia local. Podem ser dadas medicações para que o paciente se sinta relaxado e, em casos específicos, pode ser prescrita anestesia geral. O médico realiza um pequeno corte na região da virilha, do punho ou parte média do braço por onde é inserido um fino tubo plástico (chamado de cateter). Ele avança este tubo através dos vasos sanguíneos até o coração guiado por imagens com raio X. Quando o cateter alcança o coração o médico realiza testes e injeta uma solução de contraste que é filmada também pelo aparelho de raio X.

Após o procedimento o médico retira o tubo plástico do corpo do paciente e aplica pressão ou sutura para prevenir sangramento no local. Há a necessidade de se repousar no hospital por algumas horas, mas existe a possibilidade de o paciente ir para casa no mesmo dia. Antes de ir embora a equipe de saúde lhe orientará sobre quando poderá ocorrer o retorno a suas atividades.

O cateterismo cardíaco é perigoso?

Dados de literatura atual descrevem que a ocorrência de qualquer evento adverso durante um cateterismo diagnóstico está em torno de 1,35% [1]. É importante ressaltar que este exame pode ser realizado em situações de emergência médica ou em circunstâncias de gravidade clínica o que torna a ocorrência de complicações muito mais freqüente. Entre as complicações deste exame, podem ocorrer mais comumente:

Morte: atualmente a ocorrência de morte após cateterismo cardíaco varia de 0,1 a 0,7% dos pacientes [1-2].

Infarto do miocárdio: apesar da isquemia miocárdica ser relativamente comum, a ocorrência de infarto na maioria das séries é menor do que 0,1% [2-6].

Acidente Vascular Encefálico: o risco desta complicação está em torno de 0,07-0,17% [1-7].

Complicações no local de inserção do cateter: Tratam-se das complicações mais freqüentes após a realização de cateterismo cardíaco diagnóstico. Estes problemas incluem: infecção (0,06-0,6%), isquemia (menos do que 1%), dissecção, hemorragias (0,1 a 0,97%), hematomas (0,18 a 1,3%) pseudoaneurisma (em torno de 1%) e fístula arteriovenosa (próximo de 0,4%) [1-7].

Insuficiência Renal: o cateterismo cardíaco pode cursar com prejuízo ao funcionamento renal por 3 causas principais: reação ao contraste iodado utilizado (0,9% dos casos), embolia renal (0,27% dos casos) e instabilidade clínica durante o procedimento (0,24% dos casos).  Atualmente a necessidade de realização de diálise após cateterismo cardíaco diagnóstico está em torno de 0,14% [1].

Arritmias: uma grande variedade de arritmias pode ocorrer durante o cateterismo cardíaco e a maioria delas não apresenta repercussão clínica. A fibrilação e a taquicardia ventriculares são arritmias mais complexas que necessitam de intervenção médica imediata ocorrem em cerca de 0,4% dos pacientes [3].

Reações Alérgicas: Podem ocorrer reações alérgicas pelo contraste iodado utilizado para realizar o exame em até 1% dos casos [2-6]. Estas reações são mais comuns em pacientes asmáticos ou com antecedente de outras doenças alérgicas. Reações ao anestésico empregado também podem ocorrer mas o médico possui mais de uma alternativa para   realização do cateterismo.

Exposição Radiológica: os pacientes que realizam cateterismo cardíaco estão sujeitos a exposição à radiação ionizante. A dose pode variar de acordo com o tipo de procedimento realizado e cabe o médico responsável pode orientar o paciente sobre os riscos implicados.

O que é uma angioplastia?

Angioplastia, também conhecida como intervenção coronária percutânea é um procedimento que utiliza um tubo flexível plástico com um balão na extremidade para dilatar estreitamentos em artérias do coração. Este procedimento também inclui a colocação de uma prótese conhecida como stent para manter a abertura das coronárias. Desta forma a angioplastia ajuda a restaurar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco.

Por que é importante fazer angioplastia ?  

Para entender a utilidade da angioplastia, se faz necessário entender conceitos básicos da doença arterial coronária. A redução no fluxo de sangue rico em oxigênio para o coração (isquemia) produz muitas vezes uma dor torácica denominada angina pectoris. A isquemia ocorre por um estreitamento, causado por depósitos de gordura e cálcio,  nas artérias que levam o sangue para o coração (doença conhecida como doença arterial coronária).

A doença arterial coronária pode ser crônica ou aguda. Ela é dita síndrome coronária aguda quando há uma manifestação súbita ou mudança no padrão habitual da dor torácica: sua freqüência, duração ou causa precipitante. A síndrome coronária aguda pode estar associada a danos ao músculo cardíaco (ataque cardíaco ou infarto). Em casos severos o infarto pode levar a insuficiência cardíaca ou morte súbita.

Os possíveis candidatos à angioplastia são:

  • Pacientes com sintomas de angina ou exames complementares que demonstrem significativa isquemia no músculo do coração
  • Pacientes com padrões específicos de estreitamento arterial e elevado risco de ataque cardíaco ou óbito
  • Pacientes com síndromes coronárias agudas

Qual o beneficio de fazer uma angioplastia e não uma cirurgia de ponte de safena?

A angioplastia e a cirurgia de revascularização miocárdica são as duas técnicas atualmente utilizadas para o tratamento invasivo da doença isquêmica do coração. Na cirurgia realiza-se uma incisão e abertura do tórax e são utilizados enxertos (oriundos mais comumente de veias safena ou artérias mamárias) como pontes que ultrapassam as obstruções nas artérias do coração. Estes enxertos fazem ligam diretamente o sangue proveniente da aorta para regiões sadias das coronárias, reduzindo a isquemia do coração. A escolha entre angioplastia e cirurgia de revascularização deve ser individualizada para cada paciente já que alguns fatores podem influenciar nos resultados de ambos [8,9]:

  • Perfil do paciente, caracterizado pela presença de outras doenças associadas à doença coronária e estado clínico no momento em que a revascularização se faz necessária
  • Número e localização de artérias coronárias obstruídas com necessidade de revascularização
  • Presença de diabetes mellitus
  • Contra-indicação à utilização de medicações necessárias após a angioplastia (ex.: anti-agregantes plaquetários)

Pergunte ao seu médico se existe vantagem de uma técnica sobre outra no momento da escolha do procedimento.

 

Posso tomar todos os medicamentos no dia que for fazer este tipo de procedimento?

Existem algumas medicações que podem acrescentar um risco adicional ao procedimento e que podem ter sua utilização interrompida para a realização destes procedimentos. Medicações como anticoagulantes, algumas drogas utilizadas para tratar diabetes, diuréticos, anti-inflamatórios, alguns antibióticos, entre outros, podem interferir na ocorrência de complicações após estes procedimentos. Por outro, lado o cateterismo cardíaco de emergência pode reduzir a chance de morte em determinadas circunstâncias, tornando a suspensão destas medicações um fato menos relevante. A melhor opção é apresentar ao médico que vai fazer o exame todas as suas medicações e antecedentes, para que este seja realizado com segurança.

 

Referências:

  1. Dehmer GJ, Weaver D, Roe MT, Milford-Beland S, Fitzgerald S, Hermann A, Messenger J, Moussa I, Garratt K, Rumsfeld J, Brindis RG.A contemporary view of diagnostic cardiac catheterization and percutaneous coronary intervention in the United States: a report from the CathPCI Registry of the National Cardiovascular Data Registry, 2010 through June 2011. J Am Coll Cardiol. 2012 Nov 13;60(20):2017-31.
  2. Johnson LW, Lozner EC, Johnson S, Krone R, Pichard AD, Vetrovec GW, Noto TJ. Coronary arteriography 1984-1987: a report of the Registry of the Society for Cardiac Angiography and Interventions. I. Results and complications. Cathet Cardiovasc Diagn. 1989;17(1):5.
  3. Dorros G, Cowley MJ, Simpson J, et al. Percutaneous transluminal coronary angioplasty: report of complications from the National Heart, Lung, and Blood Institute PTCA Registry. Circulation 1983; 67:723.
  4. Kennedy JW. Complications associated with cardiac catheterization and angiography. Cathet Cardiovasc Diagn 1982; 8:5.
  5. Noto TJ Jr, Johnson LW, Krone R, et al. Cardiac catheterization 1990: a report of the Registry of the Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCA&I). Cathet Cardiovasc Diagn 1991; 24:75.
  6. Laskey W, Boyle J, Johnson LW. Multivariable model for prediction of risk of significant complication during diagnostic cardiac catheterization. The Registry Committee of the Society for Cardiac Angiography & Interventions. Cathet Cardiovasc Diagn 1993; 30:185.
  7. Wyman RM, Safian RD, Portway V, et al. Current complications of diagnostic and therapeutic cardiac catheterization. J Am Coll Cardiol 1988; 12:1400.
  8. Task Force on Myocardial Revascularization of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS); European Association for Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI), Wijns W, Kolh P, Danchin N, Di Mario C, Falk V, Folliguet T, Garg S, Huber K, James S, Knuuti J, Lopez-Sendon J, Marco J, Menicanti L, Ostojic M, Piepoli MF, Pirlet C, Pomar JL, Reifart N, Ribichini FL, Schalij MJ, Sergeant P, Serruys PW, Silber S, Sousa Uva M, Taggart D. Guidelines on myocardial revascularization. Eur Heart J. 2010 Oct;31(20):2501-55.
  9. Levine GN, Bates ER, Blankenship JC, Bailey SR, Bittl JA, Cercek B, Chambers CE, Ellis SG, Guyton RA, Hollenberg SM, Khot UN, Lange RA, Mauri L, Mehran R, Moussa ID, Mukherjee D, Nallamothu BK, Ting HH; American College of Cardiology Foundation; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; Society for Cardiovascular Angiography and Interventions. 2011 ACCF/AHA/SCAI Guideline for Percutaneous Coronary Intervention. A report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions. J Am Coll Cardiol. 2011 Dec 6;58(24):e44-122.

 

FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA (www.sbhci.org.br)